Projeto Fitoterápicos realiza primeira oficina de diagnóstico participativo no Quilombo Cangula, na Bahia

Projeto Fitoterápicos promove oficina de diagnóstico participativo no Quilombo Cangula, na Bahia

O Projeto Fitoterápicos – BRA/18/G31, executado pela Humana Brasil, realizou nos dias 17 e 18 de janeiro a primeira oficina de diagnóstico no Quilombo Cangula, em Alagoinhas, na Bahia. O Quilombo Cangula foi um dos quatro Arranjos Produtivos Locais (APLs) selecionados pela iniciativa para fortalecer as plantas medicinais no Bioma Mata Atlântica. 

Durante os dois dias de atividade, a equipe da Humana Brasil alinhou com a comunidade o plano de ação que será executado para alcançar a missão do Projeto, ou seja, valorizar a produção sustentável, comercialização e o beneficiamento de plantas medicinais nativas e os seus derivados. 

Lennon Junqueira, Analista de Projetos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil, parceira do Fitoterápicos, esteve na oficina e ressalta que o Projeto, para além de dar o suporte necessário às organizações selecionadas, valoriza o conhecimento transmitido pelas gerações passadas de povos tradicionais e que permanece sendo aplicado até os dias de hoje. 

Lennon Junqueira, Analista de Projetos do PNUD, na oficina de diagnóstico em Alagoinhas-BA

“Não é apenas uma questão de produção de cadeia produtiva, é uma questão de como aquela comunidade, como aquela organização, como aquelas pessoas lidam com o conhecimento que foi transmitido durante anos”, afirma Lennon. 

Orlando Pereira Filho, quilombola da comunidade do Cangula, sabe da relevância de resgatar e continuar compartilhando os saberes dos antepassados, a exemplo de sua avó, que anos atrás, já fazia o uso de folhas medicinais para o cuidado da saúde dos seus filhos. 

“Minha avó utilizava uma folha de Quioiô para febre, mas não sabia que aquela folha era um antipirético e hoje dá-se esse nome chique, mas que minha avó já utilizava em 1950. Então, esse edital nasce com o intuito de usar esses saberes e concretizar essa ciência natural desses povos antigos”.

Orlando Pereira, Presidente da Associação do Cangula, na oficina de diagnóstico em Alagoinhas-BA

Importância dos fitoterápicos e próximas oficinas 

Segundo o médico Matheus Freitas, que atua na comunidade, as plantas medicinais possuem vantagens se comparadas com os demais medicamentos, atuando, inclusive, em benefício de doenças crônicas. 

“A fitoterapia tem um potencial de efeitos colaterais menor do que o de medicamentos alopáticos. A fitoterapia proporciona também a possibilidade de gerar um estado de saúde no paciente que retarda o envelhecimento, diminui a probabilidade de doenças como diabetes, câncer e hipertensão, e é acessível porque ela está na natureza e no saber popular”, explica o médico. 

Médico Matheus Freitas na oficina de diagnóstico em Alagoinhas-BA

Além da equipe da Humana Brasil, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), responsável pela coordenação técnica do Projeto, marcou presença na oficina. A ocasião também permitiu que a comunidade Cangula sugerisse ideias, expusesse as principais dificuldades e as possíveis soluções para os impasses na produção. O momento foi de troca entre comunidade, parceiros e Humana Brasil. 

Os demais arranjos produtivos selecionados estão localizados em São Paulo, Santa Catarina e Paraná, e ainda no primeiro semestre de 2023, as comunidades e os povos tradicionais contemplados receberão a oficina de diagnóstico participativa.  

O Projeto Fitoterápicos também conta com a parceria do Fundo Ambiental Global para o Meio Ambiente (GEF), e a Humana Brasil é a parte responsável pela gestão de doações e assessoramento técnico dos projetos de subvenção para o fortalecimento de cadeias de valor de fitoterápicos, no bioma Mata Atlântica.